Cadeira 05
Patrono
Anita Philipovsky, filha do engenheiro austríaco Carlos Leopoldo Philipovsky e de Maria do Nascimento Branco Philipovsky, nasceu em Ponta Grossa, Paraná, a 2 de agosto de 1886 (algumas biografias registram equivocadamente o ano de 1898). Anita foi a quarta a nascer, dos sete filhos do casal (Paulina, Ângela, Maria Clara, Anita, Francisca, Carlos e Hilda).
A sede da fazenda da família era distante da cidade, por isso sua educação e a de seus irmãos se processou basicamente por professores contratados, quase sempre estrangeiros, que passavam a residir na fazenda. Coube a eles, não só o ensino básico, como o de línguas estrangeiras (alemão e francês), e também foram os responsáveis por seus estudos de artes, particularmente, de música e pintura. A jovem Anita era muito apegada a seu pai, homem inteligente e de grande cultura, possuidor de nobre caráter e de elevados sentimentos. Foi seu incentivador maior nas letras, quer na prosa ou verso; assim como na pintura. A vida, numa casa distante da cidade, numa época em que não se conhecia o automóvel, contando exclusivamente com animais como meio de locomoção, favorecia o escasso convívio social e reticente conversação.
Quer como contista, poetisa ou novelista, desenvolveu extraordinária atividade intelectual, notadamente no período de 1910 a 1930, colaborando assiduamente em numerosos jornais e revistas da época.
“Os poentes da minha terra” é seu poema mais divulgado, publicado pela primeira vez em Curitiba, em edição individual e integral, pela “Prata de Casa”, em 1936. Mais de duas décadas depois, em 1959, o mesmo texto saiu impresso, com pequenas modificações, em antologia realizada pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura. Anita Philipovsky foi membro do Centro Cultural Euclides da Cunha, em Ponta Grossa.
Com a morte de seu pai, caiu sobre a poetisa, uma sombra de profunda tristeza e melancolia, seu semblante deixou de irradiar alegria e felicidade. Perdera seu grande admirador e incentivador, parecia que a vida já não tinha mais sentido. A partir de então, sua produção literária começou a declinar até cessar definitivamente. Grande sonhadora, tornou-se misantropa. No fim da vida, recolheu-se entre os velhos muros de sua residência, cuidando de seu jardim, suas rosas...
Faleceu em 30 de março de 1967, em Ponta Grossa, Paraná.
Pode-se, com relativa facilidade, vislumbrar em sua produção suas mais prováveis leituras, o legado cultural herdado de Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Baudelaire, Raimundo Correia, Cruz e Sousa, Castro Alves, entre outros. Tal proliferação acaba revelando como a autora se posiciona em face da tradição literária.
Fonte: FONTES, Luísa Cristina dos Santos. In: FONTES, Luísa Cristina dos Santos; CHERES, Luiz Fernando; ZAN, Sérgio Monteiro (orgs.) Biobibliografia da Academia de Letras dos Campos Gerais: Ponta Grossa: Planeta, 2015. p. 48-9.
Legendas das imagens
1. Anita Philipovsky, início do século XX, fotografia colorizada por sua sobrinha-bisneta Livia Philipovsky Shroeder Reis.
2. Casa em que Anita Philipovsky morou até 1945, Avenida Bonifácio Vilela, 585.
3. Diário de Anita Philipovsky, aberto em página que mostra a sua caligrafia, acervo de Luísa Cristina dos Santos Fontes.
4. Mural criado pelo artista Élio Chaves, em 2000, que inclui os primeiros versos de ”Os poentes da minha terra”, localizado na Praça Faris Michaele, ao lado do Centro de Cultura Cidade de Ponta Grossa. Gestão Prefeito Péricles Holleben Melo.
5. Capa do livro Anita Philipovsky – a princesa dos campos, de Luísa Cristina dos Santos Fontes, Editora UEPG.
6. Mãe de Anita Philipovsky, Maria do Nascimento Branco Philipovsky. (acervo de Frederico Schnekenberg)
7. Ponta Grossa, cartão colecionado por Anita Philipovsky, editado por Guilherme Naumann, datado em 23 de maio de 1907. (acervo de Frederico Schnekenberg)
8. Capa do livro O percurso de um poema – Os poentes da minha terra de Anita Philipovsky, de Luísa Cristina dos Santos Fontes, Editora Estúdio Texto.
9. Primeira página do jornal Diário dos Campos, 23 de outubro de 1915, Editor Hugo dos Reis.
10. Anita Philipovsky, a primeira à esquerda, e seus irmãos. (acervo da família da escritora)