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Cadeira 16
Fundador
Nem sempre é fácil escrever sobre alguém, principalmente quando se trata de uma pessoa ímpar, que se sobressai de maneira tão impressionante, entre tantas outras, por esse mundo afora. Escrever sobre Leonilda Hilgenberg Justus, eis o desafio, já que esta ponta-grossense resplandece além quaisquer fronteiras com seu dom de poeta maior. A escritora brilha como as pepitas de ouro encontradas nos riachos e lajeados dos Campos Gerais, na época das sesmarias e das grandes fazendas, e dos diamantes encontrados entre os cascalhos do rio Tibagi. De aparência frágil e delicada, nos momentos de tristeza infinda, revela uma força indômita que a impulsiona para frente, para a vida. Leonilda não tem idade. Ora se revela como uma jovem de 15 anos, com sonhos de adolescente, ora revela uma maturidade de conhecimento e de ideais precisos e notáveis.
Extraordinariamente poeta, de versos arrebatadores, é personalidade representativa dos Campos Gerais. Sua poesia revela uma profundidade de amor e sensibilidade raras, dom que poucos possuem. Seu texto tem aberto um lugar idiomático, um caminho, irradiador de uma energia própria da linguagem que não se fecha em si mesma. Justifica-se, assim, a consagração em seu torrão natal e em terras estrangeiras.
Ponta-grossense de nascimento, Leonilda nasceu no dia 18 de maio de 1923. É filha de David Hilgenberg e Laura Hilgenberg, ambos descendentes de famílias de imigrantes das margens do rio Volga, alemães que aqui chegaram em 1878. Seus pais dedicaram-se à indústria de produtos derivados de suínos, progredindo muito e contribuindo com o progresso de Ponta Grossa. Leonilda casou-se com o advogado Germano Justus, também descendente de alemães do Volga, e com ele teve dois filhos; Ipuran, engenheiro e Ipojuçan, advogado.
É autora de doze livros (Versos para Você, 1981; Se me Amasses..., 1983; Chamas e Erradias, 1985; Naquelas Horas..., 1986; Ponte Terra Infinito, 1988; Hipocrene, 1992; Abstratos Concretos, 1994; Lampejos, 1996; Castália, 1997; O Caminho, 1999; Pedras Sem Fendas, 2002; Coletânea: dentre doze livros publicados, 2006), vários deles premiados.
Como jornalista, destacou-se por sua atuação no Diário dos Campos, onde por sete anos apresentou poesias e, mais tarde, iniciou a coluna Hipocrene. Foi coordenadora da Antologia de Prosadores e Poetas Pontagrossenses, patrocinada pelo Centro Cultural Prof. Faris Michaele, em 1995, reunindo trinta e sete participantes. No Brasil participa de mais de cinquenta antologias e, rompendo nossas fronteiras, tem trabalhos publicados nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. Foi presidente-fundadora do Centro Cultural Prof. Faris Michaele, em 1987, e da Academia de Letras dos Campos Gerais, em 1999. Entre as Cadeiras Patronímicas destaca-se Academia Paranaense de Letras – Cadeira nº 29, eleita por aclamação. Tomou posse na Academia de Letras dos Campos Gerais em 2 de junho de 1999 como fundadora da cadeira nº 16, em cerimônia realizada no Clube Pontagrossense, sendo recepcionada por Túlio Vargas, Presidente da Academia Paranaense de Letras.
Assim como Ponta Grossa se ergue altaneira no topo das colinas verdejantes dos Campos Gerais, Leonilda Hilgenberg Justus suspende-se no sublime, filha mais que legítima da Princesa dos Campos! Faleceu em Ponta Grossa, em 19 de março de 2012.
Seu acervo está sob a guarda do Museu Campos Gerais – Universidade Estadual de Ponta Grossa, à disposição de pesquisadores.