O Brasil reafirma, mais uma vez, cívica e patrioticamente, a perpetuidade de uma atitude que se tornou inequívoca realização dos anseios de um povo: “Independência ou Morte!”
Em todos os quadrantes do país, iça-se o símbolo auriverde num gesto soberbo e triunfante de saudação consciente e livre, lembrando ao caboclo brasileiro e ao acadêmico letrado, ao soldado e ao cientista, à Irmã de caridade e à nobre dama, aos estudantes e às crianças, os altos desígnios da nacionalidade que a esta impõe a convocação de todos os esforços para integral cumprimento das missões que surgem, diversas e, por vezes, pesadas, entretanto, brasileiramente honrosas.
Sete de Setembro foi o teu grande dia, Brasil dos nossos heroicos antepassados, terra dos bravos, que hão de vir. Por isso, nós te saudamos na simplicidade destas palavras e na profundeza de suas significações. Diante dos nossos olhos o teu retrato, Brasil, quedamo-nos na contemplação do teu corpo gigante e, da Amazônia lendária aos pampas ondulantes, das praias alvacentas do Nordeste às matarias limítrofes do poente, vemos a unidade que cresce e realiza, e se expande na glorificação da própria terra influindo, naturalmente, no engrandecimento de um povo!
Nós te saudamos, Brasil, hoje como ontem, amanhã como sempre, perante as páginas de um passado que consagrou vultos e eternizou princípios na luta constante em busca de melhores dias, seguindo firme trajetória, desde os momentos indecisos da formação do espírito nacional até os instantes de agora, quando mais intensa é a concretização evolutiva da alma brasileira, face aos imperativos do mundo moderno!
Nós te saudamos, terra dos nossos ancestrais, na grandiosidade espumejante das tuas cascatas imensas, milenárias, na harmonia profana dos verdes mares bravios que te beijam as praias e as escarpas, no copado verdejante das florestas virgens pré-históricas de raízes profundas!
Nós te saudamos, ó celeiro de sentimentalismo, fé e coragem, no ritmo embalador dos versos, na fluência cantante da prosa, nas vibrações harmoniosas da música, manifestados no brasileirismo de Castro Alves, revivendo em rimas a dor alheia, quase deslembrada, no estilo pungente de Euclides da Cunha, trançando na magia da prosa o espectro dos sertões e a alma sertaneja tostada de sol, no indianismo de Alencar, imortalizando em linguagem o filho natural da terra descoberta, invadida pela civilização, na transcendência artística de Carlos Gomes eternizando a terra querida em sons e acordes de eternas sinfonias.
Nós te saudamos, Brasil, esperançosos numa concretização inalterável – a eterna liberdade dos teus direitos, que são direitos dos teus filhos, proclamada às margens do Ipiranga, e que reboará através dos séculos e das gerações como o marco libertador que a história jamais olvidará: “Independênia ou Morte!”
Nós te saudamos, Brasil, hoje como ontem, amanhã como sempre, bendizendo em cada instante, em cada 7 de Setembro, o ideal que anima todos os povos sobre a face da terra convulsa em que vivemos.
Nós te saudamos, Brasil de perene liberdade, atendendo, incondicionalmente, ao som estridente dos clarins que ecoam por sobre todos os rincões da Pátria!
Nós te saudamos, Brasil!
Ponta Grossa, 7 de setembro de 1944.
Nota da secretaria: No Bicentenário da Independência do Brasil, texto inédito da acadêmica Professora Guísela Velêda Frey Chamma (1926-2021), Fundadora da Cadeira N. 9 da Academia de Letras dos Campos Gerais, cujo Patrono é Brasil Pinheiro Machado. Fotografia da acadêmica Luísa Cristina dos Santos Fontes, Fundadora da Cadeira N. 5.