Sejam todos bem-vindos a esta Seara Literária!

Somos tomadas de uma imensa emoção, neste momento dual – tempo de saudade de nossos inesquecíveis confrades, Laertes Larocca e Odenir Follador e de nossa querida confreira, Guísela Velêda Frey Chamma que nos deixaram tão recentemente, no vazio do espaço tempo, a imortalidade e a eternidade de suas obras, de seus exemplos e de seus valores. Ao mesmo tempo, pessoas chegam e nos aconchegam, dando-nos momentos de alegria por contarmos com doze candidatos às três vagas abertas para Membro Efetivo da Academia de Letras dos Campos Gerais, uma mostra da importância reconhecida desta Instituição Literária, fundada há 23 anos.  

  Gostaria de pedir licença a Edgar Morin, para usando de suas palavras, parabenizar cada um de vocês que, destemidamente, desafiam o desconhecido a enfrentar e, ao mesmo tempo, nos fazem enfrentar um desafio ainda maior.

  Desejamos boa sorte, fiquem bem à vontade, aproveitem o seu tempo para dizerem do melhor de si, deixando claro quais as motivações que os trazem aqui, como candidatos a membro efetivo desta Academia. Nós, acadêmicos e acadêmicas, queremos apenas conhecê-los (as), numa situação acadêmica.  [Fotos de Edison Luiz Brabicoski]

Desafiando o desconhecido

Edgar Morin

Prolongar o presente no futuro é a melhor maneira de cometer um erro, já que o que mais contará nos tempos que virão será o invisível, o microscópico, e o desconhecido de hoje. Devemos então desistir de escrutinar o horizonte, de navegar nas caravelas do oceano do tempo? Certamente não, mas devemos rejeitar as projeções ingênuas e simplistas que fizeram a fortuna dos institutos de futurologia dos anos sessenta e nos voltarmos para os cenários que misturam o previsível com o incerto e o desconhecido...

A evolução é evolução na medida em que nunca seguiu o processo provável. Os enormemente pesados e supercouraçados sáurios do final do Secundário, que pareciam que iram se tornar os senhores do globo, desapareceram, alguns segundos cósmicos depois de seu triunfo, dando passagem para os pequenos mamíferos. O nascimento do homo sapiens teria sido inteiramente imprevisível para qualquer observador contemplando o planeta quatro milhões de anos atrás. Assim, temos que apostar no improvável...

Eu acho que estamos presenciando o nascimento de novas instituições, e esse nascimento também envolve uma nova forma de pensamento, outra estrutura de conhecimento, que é inseparável de uma diferente maneira de viver.

Dentre os diferentes futuros que podemos prever, os únicos importantes são a morte do homem e o nascimento da humanidade. E é em relação a estes futuros que as especulações sobre o desenvolvimento da tecnologia, da ciência, da informática, da genética, da nanotecnologia etc., deixam de ser simples invenções para os mass media. São essas duas hipóteses, uma suscitando horror e a outra força de vontade, que permitem a estimulação do pensamento e da ação.

Trad. Antonio Simão Neto