Todas as noites escrevo algo antes de dormir. Deixo o celular longe, no modo avião, e me volto para o meu mundo. Não é senão através de notas, sempre escritas a mão e tão minúsculas quanto uma pata de mosca, que lanço o meu voo noturno que parte em direção ao infinito até que o sono impere e a nave se desfaça no espaço. Por linhas tortas eu revejo os meus dias e as minhas ações. São conquistas, são impasses e às vezes derrotas, mas sempre à espera de próximo capítulo. As páginas deste diário são como um mapa de orientação onde se vê a rota até agora percorrida, o roteiro de um filme já não mais em cartaz. São noites em que dialogo com autores, recordo lugares e musas. Entre as sombras surgem heróis e seres mitológicos, a memória da infância, a voz de todos os meus ancestrais, o som distante de mares ainda não navegados como a trilha sonora que inspira poemas ainda não escritos. São coisas nascem, que morrem. Tudo é agora recolhimento, sonho e silêncio. A luz da vela é a minha prece. Quando ela lentamente se apaga, chego ao meu ponto final. Amanhã há de ser outra página. Todas as noites escrevo algo antes de dormir para saber quem sou, se é que sou...

O que é uma poesia?

Aída Mansani Lavalle

Muitas respostas. Cada pessoa que gosta de poesias tem a sua.

A minha, como romântica, é muito simples. O poeta, aquele que escreve com a alma, é quem reproduz com a sua verdade a realidade de seu viver.

Escolho sempre como poeta maior fora de nossa terra, Luiz Vaz de Camões, que nos deixou tesouros de sensibilidade, exaltando sua terra, em épicos, e sua vida e amores.

O Brasil é um país pleno de sensíveis poetas. Os que povoaram minha adolescência e vida, Casimiro de Abreu e Castro Alves e tantos, tantos...

Nossa cidade tem em sua história e na atualidade, muitos poetas, cada um com sua visão de mundo, dos sentimentos e de sua participação no grande desafio que é a vida.

Emoção maior quando recordo a doce tristeza de Camões:

"Alma minha gentil que te partiste..."

Viva os poetas!