Detalhe

Cadeira 06

Égdar Zanoni

Fundador

Um lápis e um pedaço de papel eram instrumentos indispensáveis nas caminhadas do professor Égdar Zanoni. As cenas, pessoas e trejeitos que mexiam com a sua sensibilidade, ou mesmo aqueles pensamentos fugazes eram logo transformados em palavra escrita, já que a memória não dava conta de guardar tudo sozinha. Ao longo dos anos, os pedaços de papel – ou melhor – as “reflexões” sobre o cotidiano de Ponta Grossa (Campos Gerais) já não cabiam mais na caixa de sapato em que ele as vinha guardando. Com a ajuda do filho Luiz Carlos, organizou tudo e transformou num livro intitulado Reflexões de um Andarilho (1992). “E tem muito mais. Há material suficiente para fazer mais um livro”, garante o filho Hudson. Boas histórias nunca faltaram.

Égdar nasceu em União da Vitória em 1915 e saiu de lá, ainda menino, junto com a família, que deixava para trás lembranças tristes da Guerra do Contestado. Veio para Ponta Grossa, onde – na juventude – começou sua breve carreira de jogador de futebol. Atuando no ataque, ele defendeu as camisas do União Campo Alegre e do Guarani Esporte Clube. Por um tempo, ele conciliou a vida nos gramados com o magistério, mas foi à educação que ele dedicou 74 anos da sua vida, trabalhando como professor de Língua Portuguesa e inspetor de ensino em colégios tradicionais da cidade.

Em 1948, foi coordenador da Campanha Nacional de Alfabetização de Adultos em Ponta Grossa. Entre 1956 e 1973, foi secretário das faculdades estaduais de Odontologia e Farmácia. Égdar teve uma grande amizade com os professores Aristeu Costa Pinto e Plácido Cardon, que, assim como ele, assumiram a missão de ensinar. Quando ainda fazia o Curso Normal, apaixonou-se por Nair, uma colega com quem se casou mais tarde. “Tinha uma época que ele dava aula das 7h15 às 22h00, sem reclamar. Mesmo assim, ele sempre reservava tempo para a família”, conta o filho Hudson.

O professor Égdar tinha grande orgulho em reencontrar os ex-alunos, alguns com mais de 80 anos de idade. Ele foi um dos fundadores da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG), onde ocupava a cadeira nº 6. Deixa três filhos, seis netos e cinco bisnetos.

Faleceu no dia 15 de junho de 2012, aos 97 anos, de falência de múltiplos órgãos, em Ponta Grossa.

Em 2015 teve sua obra póstuma Pensamentos publicada por meio de sua neta Milene Zanoni, organizadora

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