Cadeira 20
Patrono
Guaracy Paraná Vieira nasceu em 4 de agosto de 1918, em Paulo Frontin, na época parte do município de Mallet, Paraná. Era filho de Maurílio Fabrício Vieira e Nicolina Granier Lins Vieira. Praticamente autodidata, a sua escolaridade formal consistiu no curso primário e no complementar realizados em Porto União, Santa Catarina, respectivamente no Grupo Escolar Balduíno Cardoso e no Colégio Santos Anjos, e no curso ginasial iniciado no Ginásio Santa Cruz, de Castro, e concluído no Colégio Iguaçu, da capital do Estado. Casou-se em 10 de junho de 1943 com Célia Madalosso, com quem teria cinco filhos. Sem mencionar pequenas tarefas da adolescência, destinadas a auxiliar no sustento da casa paterna, as suas atividades profissionais principiaram de fato em 1937, quando ingressou no 13º Regimento de Infantaria, donde saiu com o posto de 2º Sargento. Após uma breve experiência na Comissão de Estradas de Rodagem CER-1, transferiu-se para a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, onde foi desempenhando variadas e importantes funções, como as de Fiscal Geral, Chefe da Seção Mecanizada, Diretor do Gabinete e da Secretaria, Diretor da Biblioteca Pública Municipal e do Departamento de Educação e Cultura. Homem de profundas convicções filosófico-religiosas, fundamentadas na doutrina espírita kardecista, de que se tornou, a partir de 1946, um ardente trabalhador, foi membro participante de várias entidades, especialmente da Sociedade Espírita Francisco de Assis. Na condição de doutrinador, pronunciou inúmeras palestras e tomou parte em muitos cursos e reuniões, em diferentes cidades.
O seu relacionamento com a Universidade Estadual de Ponta Grossa começou em 1966, antes, portanto, da instalação oficial da Instituição. Nesse ano, Guaracy foi nomeado secretário da Faculdade Estadual de Farmácia e Bioquímica, um dos germes da UEPG, constituída quatro anos depois. Nomeado então Secretário da Universidade que ajudara a formar, Guaracy Paraná Vieira acaba por tornar-se o seu primeiro funcionário. Em consequência de uma reestruturação institucional levada a efeito em 1980, assumiu o cargo de Chefe da Secretaria da Reitoria, posição que manteve até sua morte, em Curitiba, no dia 18 de junho de 1991.
É autor de uma infinidade de breves crônicas, cujas origens mais remotas coincidem com o seu ingresso em 1949 como amador na equipe de rádio e teatro da Rádio Clube Ponta-Grossense. Em 1951 já colaborava na redação de um importante noticiário da emissora. E, em 1952, têm início os Perfis da Cidade, título sob o qual as crônicas de Guaracy, ou Vieira Filho, foram indo ao ar todos os dias, por volta das 12 horas, sublinhadas pela versão orquestral da famosa canção francesa de Kosma e Prévert Les feuilles mortes. Logo em seguida, as crônicas transmitidas pela emissora eram, na sequência, publicadas pelo jornal Diário dos Campos, periódico que se tornou responsável pela conservação de um grande número delas que, sem esse suporte gráfico, poderiam estar hoje perdidas.
Os temas que limpidamente brotavam da pena do cronista, com uma facilidade invejável e um manejo poético e sensível das palavras e das imagens, abrangiam uma gama de extraordinária amplitude. A política estava sempre presente, assim como a arte e as novidades do progresso e do conhecimento. Os eventos sociais mais relevantes da comunidade eram assinalados sempre num tom sincero e comovido, os casamentos e os jubileus, os nascimentos e as despedidas, as festas e as celebrações, as efemérides, os sucessos, as vitórias... A natureza era frequentemente convidada a colorir as páginas de Vieira Filho, na grandeza universal de uma flor ou de uma asa. E sobressaem nessa fonte fecunda de ideias os reflexos das grandes inquietações humanas, as dúvidas, as alegrias, as apreensões, as dores e as esperanças, múltiplas vezes analisadas e discutidas com o seu alter ego Ataliba, uma espécie de heterônimo poético a quem o cronista acabou por imprimir uma fisionomia marcante e positiva. Em uma palavra, Vieira Filho transforma a obscura realidade princesina num microcosmo inflamado e sentido, repleto de paixão e verdade.
Uma antologia das melhores crônicas de Vieira Filho, organizada pela professora Márcia Monteiro Zan e cobrindo o período de 1952 a 1983, foi publicada em 1993 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Legendas das imagens
1 e 5. Capa do livro “Perfis da Cidade – Crônicas de Vieira Filho”. Publicado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, 1993. Acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais.
2. Guaracy Paraná Vieira é homenageado pela UEPG, Reitor Evaldo Podolan, 1986. Outorga do Mérito Universitário ao primeiro servidor da UEPG. Fotografia do Acervo de Alcione Madalosso Vieira, sua filha.
3. Terraço Vieira Filho, no memorial ao antigo Ponto Azul. Inaugurado em 4 de dezembro de 2004, Prefeito Péricles de Holleben Mello. No terraço, Flávio Madalosso Vieira, filho de Guaracy, Primeiro Ocupante da Cadeira 40 da Academia de Letras dos Campos Gerais. Fotografia do Acervo de Flávio Madalosso Vieira.
4. Guaracy Paraná Vieira na PRJ2. Fotografia do Acervo de Alcione Madalosso Vieira.
6 e 10. Casamento de Guaracy e Célia Madalosso Vieira, 10 de junho de 1943. A daminha é Maria Isabel de Freitas Barbosa, sobrinha da Sra. Célia. Foto Weiss. Fotografia do Acervo de Alcione Madalosso Vieira.
7. Guaracy Paraná Vieira. Fotografia do Acervo de Alcione Madalosso Vieira
8. Abotoadura em prata, personalizada. Doação da Família de Guaracy Paraná Vieira para o acervo da Academia de Letras dos Campos Gerais, dezembro de 2023. Fotografia de Luísa Cristina dos Santos Fontes.
9. Escola Municipal Guaracy Paraná Vieira, Ponta Grossa, Paraná. Rua Ronaldo Piekarski, 214, Bairro Neves. A escola foi reinaugurada ao receber o nome de Guaracy, em 4 de agosto (data de seu aniversário) de 2014. Fotografia de Luísa Cristina dos Santos Fontes.