Detalhe

Cadeira 39

Telêmaco Borba

Patrono

Patrono da Cadeira nº. 39 da Academia de Letras dos Campos Gerais, seu nome completo era Telêmaco Augusto Enéas Morocines Borba. Filho do capitão Antônio Rodrigues Borba, veterano da Guerra da Independência e da Campanha Cisplatina, e de Joana Hilária, uruguaia, descendente da nobreza de Veneza, nasceu em 2 de agosto de 1840 na Borda do Campo, cercanias de Curitiba.

Casou-se em Porto de Cima, com Rita do Amaral, em 1860. Cinco anos depois foi dirigir o Aldeamento de São Pedro de Alcântara, defronte à Colônia Militar de Jataí, norte do Paraná. Iniciou uma vida de sertanista: conviveu com os índios, aprendeu-lhes a língua, os costumes, a vivência, enfim. Escreveria, mais tarde, o livro Atualidade Indígena, de grande repercussão entre os etnólogos. Fundou em Tibagi o Museu do Índio e correspondeu-se com as maiores autoridades indigenistas do mundo. A partir de 1882 ingressou na política. Elegeu-se alternadamente prefeito de Tibagi e deputado. Tornou-se político do Partido Liberal e participou de todas as campanhas cívicas da época. Quando da deposição do governador Generoso Marques, seu correligionário, enfrentou a tropa formada num protesto histórico.

Em 1894, durante a Revolução Federalista, sua participação tornar-se-ia intensa ao lado dos insurretos, na condição de comandante da fronteira com o Estado de São Paulo, em Itararé. Fracassada a revolução, partiu para o exílio, comandando, ao lado de Juca Tigre, uma coluna de soldados e civis, na retirada pelos sertões do oeste paranaense. Em Montevidéu e Buenos Aires, integrou-se ao meio cultural, frequentando museus e bibliotecas, além de manter intercâmbio com os cientistas locais sobre a temática dos silvícolas. Decretada a anistia pelo presidente Prudente de Moraes, retornou ao Brasil e às atividades políticas. Mesmo pela oposição, reelegeu-se deputado estadual pela União Republicana Paranaense e recuperou o poder municipal como prefeito. Costumavam chamá-lo “prefeito vitalício e deputado crônico”. Como sertanista, serviu de guia, décadas antes, a várias expedições, tendo em vista o levantamento hidrográfico dos principais rios do Estado, inclusive a de Bigg-Wither. Redescobriu o Salto de Sete Quedas, proeza relatada em crônica-diário de Nestor Borba, publicada em livro. Faleceu em Tibagi, vítima da gripe espanhola, dia 23 de novembro de 1918.

Sua história se confunde com a do município de Tibagi, pela presença de garimpeiros e dos campos de invernagem para as tropas. Sua dedicação e esforço de desbravador e pioneiro da região fizeram surgir no local o pequeno povoado de Cidade Nova. Mais tarde, a família Klabin instalou a famosa indústria papeleira Klabin do Paraná. Com o alojamento da fábrica, o povoado conseguiu dar os primeiros passos para a criação de uma comunidade na região, que num curto período de tempo apresentou um extraordinário desenvolvimento econômico e social que permitiu a emancipação em 1963.

Legendas das imagens


1.    
Telêmaco Augusto Enéas Morocines Borba. Foto do acervo de Luísa Cristina dos Santos Fontes. 
2.    Telêmaco e esposa, Rita do Amaral. Wikimedia Commons. 
3.    Livro “Actualidade Indigena”, de Telêmaco Borba, Curitiba, Impressora Paranaense, 1908.
4.    Imagem de Telêmaco Borba, utilizada com capa do e-book “O Botucudo Tibagyano – análise sobre os registros etnográficos de Telêmaco Borba”, de Ana Crhistina Vanali, Coleção Teses do Museu Paranaense, 2013
5.    Cidade de Telêmaco Borba, Paraná. Foto do acevo da Folha de Lodrina.
6.    E-book “O Botucudo Tibagyano – análise sobre os registros etnográficos de Telêmaco Borba”, de Ana Crhistina Vanali, Coleção Teses do Museu Paranaense, 2013.
7.    Livro Actualidade Indigena no Paraná, de Telêmaco Borba, Curitiba, Instituto Memória, 2009. Coordenação editorial de Raphael Guilherme Gonçalves de Carvalho.
8.    Índio caingangue, entre os primeiros registros da cultura no Paraná estão os trabalhos de Telêmaco Borba. Foto de Guilherme Cavalli. 
9.    Livro Telêmaco mandava matar – reportagem retrospectiva e crônicas históricas, de Oney Barbosa Borba, 2. ed., 1987. Acervo da Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke. 
10.    Escritor Odilon Túlio Vargas, bisneto de Telêmaco Borba. Foto de Edison Luiz Brabicoski, acervo de Luísa Cristina dos Santos Fontes.
 

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