Cadeira 25
Patrono
Em Cinco Histórias Convergentes (2. ed., Editora UEPG), obra póstuma de Epaminondas Holzmann (patrono da Cadeira de nº 15 da ALCG), encontram-se registros sobre a história da fundação da imprensa em Ponta Grossa, onde se destaca a presença do profissional jornalista José Fernandes Cadilhe, o J. Cadilhe (patrono da Cadeira 25 da ALCG), no capítulo A Ribalta, evidenciando inclusive seu talento como uma das expressões da arte teatral em sua época. Para melhor compreensão no tempo e espaço, há de se levar em consideração que Epaminondas tem como pai Jacob Holzmann, fundador do semanário O Progresso, em 27 de abril de 1907, que se transformou em Diário dos Campos, por onde atuou como diretor J. Cadilhe, entre 1921 e 1928.
Natural de Antonina (PR), onde nasceu a 26 de agosto de 1881, Cadilhe demonstrou ser muito mais ponta-grossense que nativos em seu tempo. Polemista invencível, crítico impiedoso e mordaz, ele fez história em Ponta Grossa, editando A Cidade, um hebdomadário de apenas quatro páginas, que ostentava a designação de “órgão de combate”. De acordo com Epaminondas Holzmann, Cadilhe sustentou discussões que marcaram época, vencendo todos os oponentes de “tala erguida”. Porém, antes de deixar o Diário dos Campos, e lançar A Cidade, que circulou de 1928 a 1930, ele se garantiu com dois pequenos jornais, essencialmente humorísticos e causticantes: o Não Pito e o Bataclan.
Entre tantas passagens pelo jornalismo da época, destaca-se a verve literária aguçada de J. Cadilhe, ainda no Diário dos Campos. No momento em que se fechava a edição, caso faltasse algum texto para algum espaço, Cadilhe pedia cinco minutos, e lá vinha algum novo soneto, sob qualquer pseudônimo, para aquele momento. Além de vigoroso polemista e inspirado poeta, segundo Holzmann, “o teatro não tinha segredos para ele: drama, comédia, opereta, revista, burleta (comédia ligeira); enfim, qualquer gênero teatral emergia de sua pena com espantosa facilidade, para ser aplaudido sem reserva pelo público mais exigente”. Cinco Histórias coloca J. Cadilhe como um dos maiorais da imprensa de Ponta Grossa.
J. Cadilhe deixou, esparsa, copiosa realização literária, capaz de completar vintenas de livros de grande aceitação, além de peças literárias, inclusive festejadas pela crítica de sua época, a exemplo do poema Valdina e do livro Delirium Tremens, editado em 1945, três anos após sua morte, em 10 de novembro de 1942. Do desembargador J. Santa Rita, ilustre jurista e homem de letras, que prefaciou Delirium Tremens, destaque para estas palavras: “Há na sua poesia um vivo amor dionisíaco à Natureza, ao Infinito, ao que existe não só na Terra como no Além, nos astros, nas almas, nos mistérios, e esse amor se mistura ao pensamento da morte, dum modo original e esquisito, algumas vezes áspero e arrepiante, outras harmonioso e alto.”
Legendas das imagens
1 e 5. Foto de José Cadilhe, no livro Delirium Tremens, do próprio, publicado postumamente pelo GERPA (Grupo Editor Renascimento do Paraná, em 1945. Doação do escritor Paulo Roberto Karam para a Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke.
2. Capa do livro Poesias, de Cadilhe. Coritiba, 1916. Doação do acadêmico Josué Corrêa Fernandes para o acervo da Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke.
3. Fotografia de José Cadilhe. Album do Paraná, 1920. Fotografia do Acervo de Carlos Mendes Fontes Neto.
4. Capa do livro Delirium Tremens. Curitiba, GERPA, 1945. Acervo da Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke. Aliás, Eno Teodoro Wanke é o Fundador da Cadeira 25 cujo Patrono é Cadilhe.
6 e 10. Capa de Valdina – Poema dramático em dois actos, de J. Cadilhe. Coritiba, Typographia Globo, 1918. Cópia doada pelo escritor Paulo Roberto Karam para a Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke.
7. Excerto do Poema “Estrella dos campos”, de José Cadilhe. Acervo de Luísa Cristina dos Santos Fontes.
8. Uma das ilustrações de Poty Lazarotto para o livro Delirium Tremens, de J. Cadilhe. Curitiba, GERPA, 1945.
9. Edificação onde, por anos, situou-se o centenário jornal Diário dos Campos. Rua: Santos Dumont, 747, Ponta Grossa, Paraná. José Cadilhe foi, por anos, Redator Chefe do Diário dos Campos. Fotografia de Luísa Cristina dos Santos Fontes.